sábado, 1 de novembro de 2014

O IDEAL DA REFORMA PROTESTANTE: RETORNO ÀS ESCRITURAS



O IDEAL DA REFORMA PROTESTANTE: RETORNO ÀS ESCRITURAS

 

A conhecida Reforma Protestante do século dezesseis (31 de Outubro de 1517), que teve como seu maior expoente, o monge agostiniano, Martinho Lutero, quando o mesmo, fixou nas portas da igreja de Wittenberg, na Alemanha, as noventa e cinco teses contra as indulgências e os desmandos do papado, na verdade, respondia a anseios anteriores, quando desvios doutrinários já se percebia e influenciava a igreja já nos Séculos II e III e que ficaram mais evidentes após essa primeira tentativa de Oficialização da Igreja pelo Estado, com o Imperador Constantino e o Bispo de Roma, Silvestre (Concílio de Nicéia, 325 d.C.). O Concílio de Nicéia trouxe grandes contribuições teológico-doutrinárias, mas infelizmente, deixou o terrível legado da Oficialização da Igreja pelo Estado, que ao longo dos anos, fez com que a Igreja fosse se deteriorando, afastando das Escrituras Sagradas, defendidas no próprio Concílio de Nicéia, e abandonando a verdadeira Doutrina dos Apóstolos (Atos 2. 42; I Co. 3. 11; Ef. 2. 20-22) até que se culminasse na Reforma  em 1517. Portanto, a Reforma não foi uma inovação na igreja, mas uma volta à doutrina dos apóstolos. Não foi um acidente ou desvio de rota, mas um retorno às Sagradas Escrituras. A Reforma tinha por ideal colocar  a igreja de volta no caminho da verdade. Pensando nas grandes ênfases da Reforma, será que a Igreja que se diz Protestante hoje, ou Evangélica, não estaria precisamos retornar aos pressupostos da Reforma? Vejamos os principais:
1)      Sola Scriptura (Somente as Escrituras Sagradas) – Esse princípio fala da singularidade das Escrituras Sagradas (ou seja a Bíblia Sagrada é única) e acentua que ela é a nossa única regra de fé e prática e que devemos rejeitar, categoricamente, qualquer doutrina que não esteja fundamentada na Palavra de Deus. Lutero reafirmou o que a própria Escritura diz dela mesma: “Inspirada” (II Tm. 3. 16, 17; II Pd. 1. 20, 21); “Inerrante” (Sl.19.7; 119. 140; Mt. 5. 17-20; Jo. 10. 35; 17.17); “Infalível” (Dt 18.22; Dn 9.2; Mt 1.22; Mc 13.31; Jo.35; At 1.3). “Suficiente” (Mt. 22.29; Jo. 5.39, Jo. 20. 30, 31;  II Tm. 3.16). Nada podemos acrescentar às Escrituras nem retirar delas qualquer de seus ensinamentos (Ap. 22. 18-20). A Palavra de Deus é, portanto, inspirada, inerrante, infalível e suficiente porque sua origem não é humana, mas divina. É inerrante, porque não há erros seu conteúdo, infalível porque tudo quanto ela diz se cumpre, Palavras e profecias e suficiente, porque tudo quanto ela diz é o bastante para se cumprir o seu propósito: Revelar a Glória de Deus na salvação dos eleitos e no juízo sobre os ímpios. Não podemos acrescentar nossas experiências, nem as tradições da igreja à Palavra de Deus. Pelo contrário, as Escrituras Sagradas é que julgam as nossas experiências e tradições. Temos vivido dias, infelizmente, em que as experiências e as tradições têm falado mais que as Escrituras.
  

2)      Sola Fide (Somente a Fé ou Justificação Pela Fé Somente) -  O conhecido Sola Fide, da Reforma ressalta que a salvação é recebida por meio da fé somente e não através das obras. Somos salvos e aceitos em Cristo, por causa de seus méritos, e recebemos essa salvação gratuita por meio da fé, que é dom de Deus, tanto quanto à Salvação (Ef. 2. 8, 9) Não somos aceitos por Deus por causa das nossas obras, mas para as obras (Ef. 2. 10). A salvação é pela graça, através da instrumentalidade da fé. A fé não é a causa e sim o instrumento. Somos salvos através do sacrifício substitutivo de Cristo, pela fé tomamos posse dos benefícios desse sacrifício e essa fé é dom de Deus. Ainda hoje, há pessoas pagando pela sua salvação e pelas bênçãos, o apóstolo Paulo em Romanos 8. 32 contesta toda e qualquer cobrança pelas bênçãos.


3)      Sola Gratia (Somente a Graça). A graça é única! Sola Gratia, destaca que não somos salvos pelas obras que fazemos para Deus, mas pela obra magnífica que Cristo fez por nós, na cruz do Calvário. Graça é o favor imerecido, um dom precioso que Deus concede a alguém que necessita desesperadamente, mas que não merece recebê-la.  A Bíblia diz que Deus nos amou quando éramos pecadores, fracos, ímpios e inimigos de Deus (Rm. 5. 8; II Co. 5. 18 – 21). Deus tomou a iniciativa de buscar-nos, quando estávamos perdidos. Deus nos trouxe a vida quando estávamos mortos (Ef. 2.1). O Pai Celestial nos atraiu gentilmente pela cruz, quando todos os desejos da nossa carne revelavam nossa inimizade e rebeldia contra ele. A graça é a única explicação plausível para esse amor incompreensível, incondicional que nos arrebatou quando “éramos por natureza filhos da ira” (Ef. 2.3), amor infinito que nos enviou seu Filho Unigênito para morrer em nosso lugar, para que pudéssemos ser adotados como filhos de Deus e nos receber em sua família maravilhosa, tornando-nos filhos do seu amor. “Maravilhosa graça! Graça de Deus sem par!” 

4)      Solus Christus – (Somente Cristo) - Esse pressuposto levantado por Lutero, na Reforma, traz a evidência de que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o único Mediador entre Deus e os homens (I Tm. 2.5).  Ele é o Único Caminho que nos leva ao Pai (Jo. 14.6). Ele é a Porta do céu (Jo. 10. 9). O véu do templo foi rasgado de alto a baixo pela sua morte na cruz e abriu-nos um novo e vivo caminho para Deus (Hb. 10. 20). Jesus é o único Salvador e não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos (At. 4. 12). Todas as coisas foram feitas por Ele, por isso, Jesus é único Senhor do universo (Jo. 1.3). Jesus recebeu um nome que está acima de todo nome, e diante dele se dobra todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra, e que toda língua confesse que ele é o Senhor para a glória de Deus Pai (Fp. 2. 9-11). Há muita gente querendo ocupar o lugar de Cristo! 

5)      Soli Deo Glória – (Somente a Deus dê Glória) - Soli Deo Gloria, destaca que tudo foi criado por Deus e existe para a glória de Deus (I Co. 10. 31; Ef. 1. 6, 11, 12, 14). A nossa própria existência só faz sentido se for para glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Quando damos a Glória somente a Deus, combatemos o humanismo, o egocentrismo, tiramos o homem do centro e afirmamos que o centro do universo é Deus. A salvação é pela graça, por meio da fé, para as obras (Ef. 2. 8-10), cujo propósito único é que Deus  seja glorificado por toda a eternidade. “Porque dele, por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois a Glória eternamente. Amém!”. Existimos para a Glória de Deus, mas tem muita gente buscando os “holofotes” para si mesmo, mas felizmente, ninguém pode roubar a glória que é de Deus, ele mesmo diz que não dará a sua glória a ninguém (Is. 42. 8).
Pr. Erisvaldo Souza Leite

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