sábado, 11 de abril de 2020

Sábado de Aleluia

Sábado de Aleluia!
Uma meditação, por Pr. Erisvaldo
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Irmãos e irmãs!

Graça e Paz!

O que é o Sábado de Aleluia?

Desde criança, mesmo tendo crescido no Evangelho, fui influenciado pelo conceito popular de que este é um dia de concessões, um dia de liberdade após se ter ficado de penitência (castigo, ou pena imposta, a quem se arrependeu de seus pecados ou para provar que se arrependeu; privação para tentar alcançar o favor divino; ou alguma outra graça especial), e é daí que se dá origem à palavra penitenciária.

Eu ouvia dizer, que após um período de 40 dias (quarentena ou quaresma), as pessoas após à meia-noite, voltavam às suas práticas normais. Exemplo: o beberrão voltava a beber, o comilão voltava a comer, etc. Mas, olhando para a vida dos discípulos, não encontramos isso… parece-me, que ainda estão sob os “efeitos da sexta-feira“. Todos ainda acuados, reflexivos talvez, sobre como seria a vida dali pra frente. Os discípulos no caminho de Emaús me faz pensar nisso (Lc. 24), embora, eles já estivessem no domingo, provavelmente à tarde, e não haviam sido informados da ressurreição, e quando abordados por Cristo, sem o reconhecer, perguntam: “És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?” (Lc. 24.18b).

Ainda hoje, quase dois mil anos se passaram e essa pergunta ainda repercute agora, em nossos corações e na humanidade em geral. Vejam vocês, que mesmo após a ressurreição (João 21), os discípulos de Jesus ainda não sabiam o que fazer, talvez Pedro agora envergonhado, não se achava capaz de ser testemunha de Cristo, de pagar o preço de morrer por ele, conforme afirmara antes, e é nesse contexto, que Pedro decide romper aquele silêncio, e acha que a melhor resposta é voltar à vida antiga, “voltar a pescar”, por  sua incapacidade perante os últimos acontecimentos (Jo. 20, 21).

Hoje já é o sétimo dia após a entrada triunfal em Jerusalém, e o que era como o céu na terra, agora traz um clima de tristeza e incertezas, e se tornou como o inferno, parecendo que a morte e o Diabo venceram.  Neste sábado, nós ainda estamos sob o efeitos da semana que passou, sob os efeitos da sexta-feira, sob os efeitos da dor e sofrimento da cruz. Não dá pra passar direto da sexta-feira para o domingo. Entre a sexta-feira e o domingo, tem o sábado, como eu pude me esquecer disso?

Passei anos da minha vida acreditando numa premissa: “É sexta-feira, mas o domingo vem aí!”, que não é necessariamente falsa, mas se for apenas (ou tenha se tornado) um jargão do nosso “evangeliquês”, certamente nos priva de muitas reflexões importantes. E eu estava aqui pensando neste sábado pela manhã: O Deus da Paixão e o Deus da Ressurreição, também é o Deus da Reflexão, nunca me esquecerei que entre a sexta e o domingo, existe um sábado, “aleluia”, que significa "louvai ao Senhor!" Confesso que é a primeira vez que penso desse jeito, depois de 46 anos no Evangelho.

De repente, veio à minha memória duas coisas interessantes que haviam se perdido com o tempo. Uma delas, de quando na minha pré-adolescência e adolescência participei de uma organização Batista só para meninos, “Embaixadores de Cristo”, que numa parte do compromisso fazia um juramento: “Prometo, ser leal a Jesus Cristo, Viver para Ele e servi-lo sempre, se assim não for, para que nasci?”. E a segunda coisa que me veio à memória foi uma aula no seminário, era o ano 1989, o mês era Abril, e era uma aula de Cristologia, quando o professor ensinava sobre a “Encarnação do Verbo”, mandou fazer uma resenha de um livro: “Deus estava em Cristo – Ensaio sobre a encarnação e a expiação”. Como imaginar que minhas bases doutrinárias estavam sendo formadas lá atrás, há 31 anos? Claro que hoje divirjo de muitas coisas, mas estavam lá, sendo forjadas no meu caráter, o mistério da encarnação e da expiação: Jesus se humilhou na encarnação, foi exaltado na entrada triunfal em Jerusalém, foi novamente humilhado na condenação e morte de cruz, e, no domingo, foi novamente exaltado na ressurreição, cujos efeitos apontam para a eternidade, mas que precisam ser vivenciados numa vida de santidade, aqui agora.

Da Glória ao fracasso. Esta frase bem poderia ser a descrição do que aconteceu com alguém famoso, um jogador de futebol, um cantor ou artista, um empresário de sucesso, mas não! Não é sobre eles que estou meditando, mas sobre o Filho de Deus, o próprio Deus encarnado, que não ficou na humilhação. Ele triunfou sobre o pecado, a morte e o Diabo, e isto foi maravilhosamente exposto por Paulo em Filipenses 2.5-11.  Aquele que não conheceu pecado, mas se fez pecado por nós, tornou-se maldição em um madeiro (Gálatas 3. 13, 14) em nosso lugar, para que pessoas dignas de condenação, como você e eu, fôssemos salvos (Romanos 5.1; II Coríntios 5.21; Efésios 2.8,9).

Hoje é sábado, “aleluia”, o Cordeiro já foi imolado, e ainda ecoam as últimas palavra de Jesus na cruz: TETELESTAI (Está consumado). Obra completa, realizada não para que você e eu estivéssemos livres para viver no pecado, sem culpa (como pregam os liberais e os humanistas), mas que leva, através de Cristo, a culpa de nossos pecados, para que fôssemos livres do poder do pecado (Romanos 6.15–23;  Gálatas 5.13).

Então, o que eu quero com essa reflexão? Que não mais passássemos automaticamente da sexta-feira para o domingo, sem que antes tenhamos pensado na natureza dos nossos pecados. É bom pensar na grandeza, profundidade e sublimidade da ressurreição de Cristo, a ponto de Paulo afirmar: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Coríntios 15.12-14). Mas, antes disso é necessário pensarmos, não só hoje, mas sempre, sobre o peso da paixão, o sofrimento do Cordeiro, que com seu precioso sangue derramado nos comprou para sermos um com Ele (I Coríntios 6.20; I Pedro 1.19). Ele morreu a nossa morte para que vivêssemos a Vida Dele.  Foi sua morte que nos trouxe a vida, foi sua dor que nos trouxe sentido e direção, para vivermos de maneira santa e irrepreensível (Efésios 1.4) (Razão da nossa eleição).

Quem sabe hoje, você pudesse assistir a um filme sobre a última semana de Jesus na Terra, na narrativa de Lucas, “Paixão de Cristo”, ou ainda “Em seus Passos, o que faria Jesus?”.

https://www.youtube.com/watch?v=AI-bIub8F0Q – Visão do Evangelho de Lucas
https://www.youtube.com/watch?v=PeQdkJkCMFQ – Paixão de Cristo
https://www.youtube.com/watch?v=VRjemjEkmLM –Em Seus Passos, o que faria Jesus?

Um bom sábado de “Aleluia” (Louvor ao Senhor), para todos os irmãos e irmãs!
Com amor, sinceridade e temor do Senhor!
Timóteo, 11/04/2020 (Sábado de Aleluia)
Pr. Erisvaldo Souza Leite