sábado, 11 de abril de 2020

Sábado de Aleluia

Sábado de Aleluia!
Uma meditação, por Pr. Erisvaldo
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Irmãos e irmãs!

Graça e Paz!

O que é o Sábado de Aleluia?

Desde criança, mesmo tendo crescido no Evangelho, fui influenciado pelo conceito popular de que este é um dia de concessões, um dia de liberdade após se ter ficado de penitência (castigo, ou pena imposta, a quem se arrependeu de seus pecados ou para provar que se arrependeu; privação para tentar alcançar o favor divino; ou alguma outra graça especial), e é daí que se dá origem à palavra penitenciária.

Eu ouvia dizer, que após um período de 40 dias (quarentena ou quaresma), as pessoas após à meia-noite, voltavam às suas práticas normais. Exemplo: o beberrão voltava a beber, o comilão voltava a comer, etc. Mas, olhando para a vida dos discípulos, não encontramos isso… parece-me, que ainda estão sob os “efeitos da sexta-feira“. Todos ainda acuados, reflexivos talvez, sobre como seria a vida dali pra frente. Os discípulos no caminho de Emaús me faz pensar nisso (Lc. 24), embora, eles já estivessem no domingo, provavelmente à tarde, e não haviam sido informados da ressurreição, e quando abordados por Cristo, sem o reconhecer, perguntam: “És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?” (Lc. 24.18b).

Ainda hoje, quase dois mil anos se passaram e essa pergunta ainda repercute agora, em nossos corações e na humanidade em geral. Vejam vocês, que mesmo após a ressurreição (João 21), os discípulos de Jesus ainda não sabiam o que fazer, talvez Pedro agora envergonhado, não se achava capaz de ser testemunha de Cristo, de pagar o preço de morrer por ele, conforme afirmara antes, e é nesse contexto, que Pedro decide romper aquele silêncio, e acha que a melhor resposta é voltar à vida antiga, “voltar a pescar”, por  sua incapacidade perante os últimos acontecimentos (Jo. 20, 21).

Hoje já é o sétimo dia após a entrada triunfal em Jerusalém, e o que era como o céu na terra, agora traz um clima de tristeza e incertezas, e se tornou como o inferno, parecendo que a morte e o Diabo venceram.  Neste sábado, nós ainda estamos sob o efeitos da semana que passou, sob os efeitos da sexta-feira, sob os efeitos da dor e sofrimento da cruz. Não dá pra passar direto da sexta-feira para o domingo. Entre a sexta-feira e o domingo, tem o sábado, como eu pude me esquecer disso?

Passei anos da minha vida acreditando numa premissa: “É sexta-feira, mas o domingo vem aí!”, que não é necessariamente falsa, mas se for apenas (ou tenha se tornado) um jargão do nosso “evangeliquês”, certamente nos priva de muitas reflexões importantes. E eu estava aqui pensando neste sábado pela manhã: O Deus da Paixão e o Deus da Ressurreição, também é o Deus da Reflexão, nunca me esquecerei que entre a sexta e o domingo, existe um sábado, “aleluia”, que significa "louvai ao Senhor!" Confesso que é a primeira vez que penso desse jeito, depois de 46 anos no Evangelho.

De repente, veio à minha memória duas coisas interessantes que haviam se perdido com o tempo. Uma delas, de quando na minha pré-adolescência e adolescência participei de uma organização Batista só para meninos, “Embaixadores de Cristo”, que numa parte do compromisso fazia um juramento: “Prometo, ser leal a Jesus Cristo, Viver para Ele e servi-lo sempre, se assim não for, para que nasci?”. E a segunda coisa que me veio à memória foi uma aula no seminário, era o ano 1989, o mês era Abril, e era uma aula de Cristologia, quando o professor ensinava sobre a “Encarnação do Verbo”, mandou fazer uma resenha de um livro: “Deus estava em Cristo – Ensaio sobre a encarnação e a expiação”. Como imaginar que minhas bases doutrinárias estavam sendo formadas lá atrás, há 31 anos? Claro que hoje divirjo de muitas coisas, mas estavam lá, sendo forjadas no meu caráter, o mistério da encarnação e da expiação: Jesus se humilhou na encarnação, foi exaltado na entrada triunfal em Jerusalém, foi novamente humilhado na condenação e morte de cruz, e, no domingo, foi novamente exaltado na ressurreição, cujos efeitos apontam para a eternidade, mas que precisam ser vivenciados numa vida de santidade, aqui agora.

Da Glória ao fracasso. Esta frase bem poderia ser a descrição do que aconteceu com alguém famoso, um jogador de futebol, um cantor ou artista, um empresário de sucesso, mas não! Não é sobre eles que estou meditando, mas sobre o Filho de Deus, o próprio Deus encarnado, que não ficou na humilhação. Ele triunfou sobre o pecado, a morte e o Diabo, e isto foi maravilhosamente exposto por Paulo em Filipenses 2.5-11.  Aquele que não conheceu pecado, mas se fez pecado por nós, tornou-se maldição em um madeiro (Gálatas 3. 13, 14) em nosso lugar, para que pessoas dignas de condenação, como você e eu, fôssemos salvos (Romanos 5.1; II Coríntios 5.21; Efésios 2.8,9).

Hoje é sábado, “aleluia”, o Cordeiro já foi imolado, e ainda ecoam as últimas palavra de Jesus na cruz: TETELESTAI (Está consumado). Obra completa, realizada não para que você e eu estivéssemos livres para viver no pecado, sem culpa (como pregam os liberais e os humanistas), mas que leva, através de Cristo, a culpa de nossos pecados, para que fôssemos livres do poder do pecado (Romanos 6.15–23;  Gálatas 5.13).

Então, o que eu quero com essa reflexão? Que não mais passássemos automaticamente da sexta-feira para o domingo, sem que antes tenhamos pensado na natureza dos nossos pecados. É bom pensar na grandeza, profundidade e sublimidade da ressurreição de Cristo, a ponto de Paulo afirmar: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Coríntios 15.12-14). Mas, antes disso é necessário pensarmos, não só hoje, mas sempre, sobre o peso da paixão, o sofrimento do Cordeiro, que com seu precioso sangue derramado nos comprou para sermos um com Ele (I Coríntios 6.20; I Pedro 1.19). Ele morreu a nossa morte para que vivêssemos a Vida Dele.  Foi sua morte que nos trouxe a vida, foi sua dor que nos trouxe sentido e direção, para vivermos de maneira santa e irrepreensível (Efésios 1.4) (Razão da nossa eleição).

Quem sabe hoje, você pudesse assistir a um filme sobre a última semana de Jesus na Terra, na narrativa de Lucas, “Paixão de Cristo”, ou ainda “Em seus Passos, o que faria Jesus?”.

https://www.youtube.com/watch?v=AI-bIub8F0Q – Visão do Evangelho de Lucas
https://www.youtube.com/watch?v=PeQdkJkCMFQ – Paixão de Cristo
https://www.youtube.com/watch?v=VRjemjEkmLM –Em Seus Passos, o que faria Jesus?

Um bom sábado de “Aleluia” (Louvor ao Senhor), para todos os irmãos e irmãs!
Com amor, sinceridade e temor do Senhor!
Timóteo, 11/04/2020 (Sábado de Aleluia)
Pr. Erisvaldo Souza Leite

terça-feira, 21 de junho de 2016

Por Que ir à Igreja? Parte 1

https://www.youtube.com/channel/UCreOhA5j7wgQp19pTKcROjA

"Na Impotência dos Desertos da Vida, frente a frente com o Autor da nossa História".

"Na Impotência dos Desertos da Vida, frente a frente com  o Autor da nossa História".
Texto Bíblico: Gênesis 21.8-21
Introdução:
Diante do deserto toda provisão é pouca (v.14) e ainda se acaba muito rápido (v.15). Quando entramos no deserto, saímos da normalidade (v.14c). Você sabe o que significava para Agar e Ismael, deixar o conforto das tendas, a fartura na companhia de Abraão, para entrar no deserto? Todos nós passamos por muitos desertos, e sempre Deus esteve conosco, veio ao nosso encontro e nos socorreu, mas toda vez que entramos num deserto temos a tendência de nos esquecer, e quando nos esquecemos da mão de Deus nos socorrendo, a desesperança toma conta da nossa alma (v.16). Para Agar, aquela não seria a sua primeira experiência, ela já havia passado pelo deserto, já teria experimentado todas as angústias e incertezas de se passar pelo deserto, mas também foi no deserto em que ela tiveram um encontro poderoso com o El Rói ( O Deus que tudo vê) (Gn. 16. 1 – 14). Deserto é lugar de passagem, mas quando Deus está presente, ou quando tem a percepção e a convicção da presença Dele, até o deserto se torna aprazível, habitável (v. 19 – 21).
A vida no deserto é um período que todo crente tem de passar se quiser viver em íntima comunhão com o Senhor. A passagem pelo deserto nos impulsionará na busca do encorajamento necessário na jornada em busca de Deus. É assim que você ora? Sua vida espiritual estancou ou, pior, você sente que regrediu? Você se pergunta o que teria feito para desagradar a Deus e tê-lo perdido de vista? Quem sabe não é bem assim… O que você não sabe é que chegou ao deserto! Não perca de vista o propósito do deserto para você. Você não foi rejeitado, mas Deus achou um jeito de aperfeiçoar a sua vida. Ele colocou você na mesma estrada na qual caminharam os patriarcas e profetas… eles pavimentaram a estrada que leva ao mover de Deus. Deus quer que você tenha Vitória no Deserto. - O processo que Deus usa para nos aperfeiçoar - Será preciso mesmo passar pelo deserto? - Quais os ingredientes necessários para sermos usados por Deus? – Temos mesmo que enfrentar oposição e tribulações?

·      No deserto, a terra é seca e árida; mas foi justamente ali que conhecidos servos de Deus passaram pelas mais fascinantes experiências com o Senhor.
·      No deserto, o calor durante o dia e o frio à noite são quase insuportáveis; mas nesse ambiente hostil Davi escreveu a maioria dos Salmos e Moisés ouviu a voz de Deus.
·      No deserto praticamente não há vida; mas foi ali que João Batista apontou para o Cordeiro, o autor da vida. Foi também num deserto que Elias, já desistindo de viver, foi revigorado por Deus a fim de completar seu ministério.
·      Cristo, nosso Senhor e Mestre, também passou pelo deserto, e saiu vitorioso!

Os desertos existenciais são formados basicamente, por dois tipos de crises: As interiores, que são geradas dentro de nós mesmos, por causa das nossas emoções, nossos pecados e nossa relação com a espiritualidade. E as Exteriores, que são produzidas pelo ambiente que nos rodeia e pelos outros e pelas circunstâncias.
Nosso deserto pode ser produzido por diversos fatores: um casamento falido, a chegada da velhice, uma doen­ça, um instante de necessidade, o desemprego, a crise financeira, o pesar do luto, a dor da injus­tiça, o desafio da viuvez, uma desilusão amorosa, o conflito de gerações, o vazio espiritual, o sentimento de fracasso por causa do pecado, etc.
Olhando para essa experiência de Agar e Ismael, pude chegar às seguintes conclusões:  
1) Os desertos não podem impedir Deus de ouvir nossa oração;
“ Deus, porém, ouviu a voz do menino...”(v. 17). Temos uma tendência a imaginar que o deserto é o fim, mas muitas vezes, ele é apenas o começo de uma longa caminhada com Deus. No deserto, nossa percepção deveria estar mais apurada da presença de Deus, mas muitas vezes temos a sensação de que Deus não é capaz de ouvir as nossas orações. E  eu afirmo com fé nessa noite, Deus não só ouve as nossas orações, mas ouve também as orações daqueles que oram em nosso favor, e as orações que oramos em favor dos outros. Deus é especialista em desertos, o deserto não é capaz de tapar os ouvidos de Deus (Is. 59. 2). Em meio ao seu deserto clame! Ele te ouvirá!
2) Os desertos não podem impedir Deus de falar ao nosso coração;
“...E o Anjo de Deus chamou do céu a Agar e lhe disse: Que tens Agar?” (v.17b). Por que está aflito o seu coração? Por que toda essa angústia na alma? Já se esqueceu que eu sou o El Rói ( Deus que vê)? Eu sou o Deus que vê, mas também sou o Deus fala!  Deus fala até no silêncio do deserto. Quando Deus fala as coisas acontecem... o falar de Deus é uma ordem e quando ele fala os céus e a terra obedecem...”
No meio de uma crise você procura ouvir a voz de Deus? Já aprendeu a receber dele a ajuda de que precisa?
3) Os desertos não podem impedir Deus de fortalecer a nossa confiança Nele;

“Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está.” (v. 17c). De repente, quando tudo parecia perdido, Agar é surpreendida pelo El Rói (Deus que vê), manifestando-se a ela, como o (Deus que ouve) e  também como o (Deus que fala) e diz: “Não Temas!”. Dizer não temas é o mesmo que dizer: Confia em mim, vai dar tudo certo!” . Isaías 41. 10, diz: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” Isaías 41. 13: “Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo”.
“Ergue-te, levanta o rapaz, segura o pela mão”.  (v. 18ª) Deserto é lugar de desafio, os desertos não podem impedir Deus de nos desafiar a dar passos de fé... Nos desertos da vida, a nossa tendência é olhar para a vastidão do deserto, olhar para a escassez do deserto, olhar para os impedimentos do deserto, olhar para os perigos do deserto. Mas Deus está lhe dizendo esta noite: Erga-te, levanta-te, tome uma atitude! Olhe ao seu redor, mas acima de tudo olhe para mim! Ficar parado, lamentando, reclamando, murmurando não resolve, murmuradores não sobrevivem no deserto, morrem contemplando a terra prometida ( olha o exemplo da geração que saiu do Egito).
“Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água” (v. 19ª). Quando estamos no deserto e olhamos para o horizonte, como quem não tem esperança, como quem está perdido, ficamos como que cegos, incapazes de enxergar uma solução da parte de Deus. Nos desertos, literalmente, é muito comum as tempestades de areia, e quando elas atingem uma pessoa, um acampamento, comprometem a visão das pessoas. Mas amados, o Deus que vê, também pode abrir-lhe os olhos, desertos não são impedimentos para a renovação da esperança, da parte de Deus. Quando você, em meio ao seu  deserto, não for capaz de ver, é o Deus que vê, por meio de uma ação sobrenatural que lhe dirá: Ephatá (abra-te os olhos, veja...) Quando seus olhos forem abertos pelo Senhor, você vai poder olhar e contemplar Deus movendo as circunstâncias em seu favor (Rm. 8. 28). Suas esperanças serão renovadas, desertos não são impedimentos para o agir de Deus ( Is. 43. 13)
“Eu farei dele um grande povo...” (v. 18b). Deus já havia prometido ( v.13)( Gn. 16. 10 – 12).
“Eu sou” é diferente de “Eu estou”. “Eu estou”, nos transmite a idéia de que pode estar agora, mas pode não estar noutro momento. Mas, “Eu Sou” nos dá a idéia de presença constante, o tempo todo, lado a lado, etc.
4) Os desertos não podem impedir Deus de nos desafiar a dar passos de fé;
5) Os desertos não podem impedir Deus de renovar a nossa esperança;
6) Os desertos não podem impedir Deus de realizar as suas promessas em nossa vida;
As promessas que Deus tem para sua vida, meu irmão, minha irmã, os desertos não impedirão a sua realização. Tenha ânimo, os desertos não são para sempre, mesmo que no deserto, Deus esteja presente, e transforma o lugar, a circunstância, mas um dia chegaremos à Terra Prometida. Os sonhos e as promessas se cumprirão, porque quem prometeu é Fiel.  Tudo era aparentemente desfavorável para Agar e Ismael, mas Deus cumpriu suas promessas, o desertos não podem impedir o agir de Deus.
7) Os desertos não podem impedir Deus de ser a nossa companhia permanente.
A melhor coisa que podemos ter nessa vida é a companhia presente, constante e permanente do nosso Deus. Se ele não te livrar do deserto, ele te livrará no deserto, ele estará e será com você no deserto. Céu e vida eterna é mais que um lugar, é a presença de Deus.  “Deus estava com o rapaz...” (v. 20ª) . quando Deus está, há crescimento, há segurança, mesmo em meio ao deserto “ habitou no deserto”, conquista seus objetivos e os planos de Deus “ Ele se tornou flecheiro”.  Há casamento, e se há casamento, há festa, há alegria, há prosperidade.

Conclusão:
Ao contrário do que muita gente pensa, deserto não é necessariamente um lugar de punições, mas com certeza é um tempo de provações, purificação, etc. Olha o que Deus disse sobre o povo nos quarenta anos que passaram pelo deserto.

O Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração... " (Dt 8.2).
Sempre que atravessar momentos difíceis, lembre-se: ou­tros já se sentiram como você se sente hoje, já passaram pelo que você agora está passando. O chão no qual você caminha traz as marcas das pegadas de milhares de viajantes antigos. Assim como você, aqueles que andaram pelos desertos da vida experimentaram momentos de angústia, isolamento, tristeza e pesar. No entanto eles não foram derrotados. Com o auxílio de Deus, não apenas deixaram para trás a aridez e a sequidão, mas encontraram, no ermo, tesouros valiosíssimos, que aben­çoaram sua alma para todo o sempre. Enfrentaram as noites gélidas, os dias escaldantes, a falta de água e comida, o peso da solidão, a ameaça da morte. O Deus em quem confiavam, no entanto, honrou sua confiança e concedeu-lhes vitória e cresci­mento. Hoje, essas vidas permanecem diante de nós como um exemplo, e também como uma certeza: a de que vale a pena confiar no Senhor em meio aos desertos desta vida.
“Andaram errantes pelo deserto, por ermos caminhos, sem achar cidade em que habitassem. Famintos e sedentos, desfalecia neles a alma. Então, na sua angústia, clamaram ao Senhor, e ele os livrou das suas tribulações. Conduziu-os pelo caminho direito, para que fossem à cidade em que habitassem. Rendam graças ao Senhor por sua bondade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens! Pois dessedentou a alma sequiosa e fartou de bens a alma faminta. ” (SI 107.4-9.)
Quando você passar pelo deserto, saiba que Deus pode ouvir suas orações, falar-lhe ao coração, renovar suas forças, sua fé e suas esperanças. Nos desertos da vida você verá Deus cumprindo suas promessas e oferecendo sua companhia constante. Ele te ajudará a vencer nos momentos de crise, fazendo que da terra seca brotem rios de água viva. Ele prometeu: “Tornarei o deserto em açudes de águas, e a terra cerca em mananciais.”(Is. 41. 18). “Eu, o Senhor, sempre os guiarei; até mesmo no deserto, eu lhes darei de comer e farei com que fiquem sãos e fortes. Vocês serão como um jardim bem-regado, como uma fonte de onde não para de correr água”.(Is. 58. 11)

Obs. Parte do Título e os tópicos do sermão são de autoria do Pr. Júnior Lima

1.º Encontro da Fé Reformada do Vale do Aço


sábado, 1 de novembro de 2014

O IDEAL DA REFORMA PROTESTANTE: RETORNO ÀS ESCRITURAS



O IDEAL DA REFORMA PROTESTANTE: RETORNO ÀS ESCRITURAS

 

A conhecida Reforma Protestante do século dezesseis (31 de Outubro de 1517), que teve como seu maior expoente, o monge agostiniano, Martinho Lutero, quando o mesmo, fixou nas portas da igreja de Wittenberg, na Alemanha, as noventa e cinco teses contra as indulgências e os desmandos do papado, na verdade, respondia a anseios anteriores, quando desvios doutrinários já se percebia e influenciava a igreja já nos Séculos II e III e que ficaram mais evidentes após essa primeira tentativa de Oficialização da Igreja pelo Estado, com o Imperador Constantino e o Bispo de Roma, Silvestre (Concílio de Nicéia, 325 d.C.). O Concílio de Nicéia trouxe grandes contribuições teológico-doutrinárias, mas infelizmente, deixou o terrível legado da Oficialização da Igreja pelo Estado, que ao longo dos anos, fez com que a Igreja fosse se deteriorando, afastando das Escrituras Sagradas, defendidas no próprio Concílio de Nicéia, e abandonando a verdadeira Doutrina dos Apóstolos (Atos 2. 42; I Co. 3. 11; Ef. 2. 20-22) até que se culminasse na Reforma  em 1517. Portanto, a Reforma não foi uma inovação na igreja, mas uma volta à doutrina dos apóstolos. Não foi um acidente ou desvio de rota, mas um retorno às Sagradas Escrituras. A Reforma tinha por ideal colocar  a igreja de volta no caminho da verdade. Pensando nas grandes ênfases da Reforma, será que a Igreja que se diz Protestante hoje, ou Evangélica, não estaria precisamos retornar aos pressupostos da Reforma? Vejamos os principais:
1)      Sola Scriptura (Somente as Escrituras Sagradas) – Esse princípio fala da singularidade das Escrituras Sagradas (ou seja a Bíblia Sagrada é única) e acentua que ela é a nossa única regra de fé e prática e que devemos rejeitar, categoricamente, qualquer doutrina que não esteja fundamentada na Palavra de Deus. Lutero reafirmou o que a própria Escritura diz dela mesma: “Inspirada” (II Tm. 3. 16, 17; II Pd. 1. 20, 21); “Inerrante” (Sl.19.7; 119. 140; Mt. 5. 17-20; Jo. 10. 35; 17.17); “Infalível” (Dt 18.22; Dn 9.2; Mt 1.22; Mc 13.31; Jo.35; At 1.3). “Suficiente” (Mt. 22.29; Jo. 5.39, Jo. 20. 30, 31;  II Tm. 3.16). Nada podemos acrescentar às Escrituras nem retirar delas qualquer de seus ensinamentos (Ap. 22. 18-20). A Palavra de Deus é, portanto, inspirada, inerrante, infalível e suficiente porque sua origem não é humana, mas divina. É inerrante, porque não há erros seu conteúdo, infalível porque tudo quanto ela diz se cumpre, Palavras e profecias e suficiente, porque tudo quanto ela diz é o bastante para se cumprir o seu propósito: Revelar a Glória de Deus na salvação dos eleitos e no juízo sobre os ímpios. Não podemos acrescentar nossas experiências, nem as tradições da igreja à Palavra de Deus. Pelo contrário, as Escrituras Sagradas é que julgam as nossas experiências e tradições. Temos vivido dias, infelizmente, em que as experiências e as tradições têm falado mais que as Escrituras.
  

2)      Sola Fide (Somente a Fé ou Justificação Pela Fé Somente) -  O conhecido Sola Fide, da Reforma ressalta que a salvação é recebida por meio da fé somente e não através das obras. Somos salvos e aceitos em Cristo, por causa de seus méritos, e recebemos essa salvação gratuita por meio da fé, que é dom de Deus, tanto quanto à Salvação (Ef. 2. 8, 9) Não somos aceitos por Deus por causa das nossas obras, mas para as obras (Ef. 2. 10). A salvação é pela graça, através da instrumentalidade da fé. A fé não é a causa e sim o instrumento. Somos salvos através do sacrifício substitutivo de Cristo, pela fé tomamos posse dos benefícios desse sacrifício e essa fé é dom de Deus. Ainda hoje, há pessoas pagando pela sua salvação e pelas bênçãos, o apóstolo Paulo em Romanos 8. 32 contesta toda e qualquer cobrança pelas bênçãos.


3)      Sola Gratia (Somente a Graça). A graça é única! Sola Gratia, destaca que não somos salvos pelas obras que fazemos para Deus, mas pela obra magnífica que Cristo fez por nós, na cruz do Calvário. Graça é o favor imerecido, um dom precioso que Deus concede a alguém que necessita desesperadamente, mas que não merece recebê-la.  A Bíblia diz que Deus nos amou quando éramos pecadores, fracos, ímpios e inimigos de Deus (Rm. 5. 8; II Co. 5. 18 – 21). Deus tomou a iniciativa de buscar-nos, quando estávamos perdidos. Deus nos trouxe a vida quando estávamos mortos (Ef. 2.1). O Pai Celestial nos atraiu gentilmente pela cruz, quando todos os desejos da nossa carne revelavam nossa inimizade e rebeldia contra ele. A graça é a única explicação plausível para esse amor incompreensível, incondicional que nos arrebatou quando “éramos por natureza filhos da ira” (Ef. 2.3), amor infinito que nos enviou seu Filho Unigênito para morrer em nosso lugar, para que pudéssemos ser adotados como filhos de Deus e nos receber em sua família maravilhosa, tornando-nos filhos do seu amor. “Maravilhosa graça! Graça de Deus sem par!” 

4)      Solus Christus – (Somente Cristo) - Esse pressuposto levantado por Lutero, na Reforma, traz a evidência de que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o único Mediador entre Deus e os homens (I Tm. 2.5).  Ele é o Único Caminho que nos leva ao Pai (Jo. 14.6). Ele é a Porta do céu (Jo. 10. 9). O véu do templo foi rasgado de alto a baixo pela sua morte na cruz e abriu-nos um novo e vivo caminho para Deus (Hb. 10. 20). Jesus é o único Salvador e não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos (At. 4. 12). Todas as coisas foram feitas por Ele, por isso, Jesus é único Senhor do universo (Jo. 1.3). Jesus recebeu um nome que está acima de todo nome, e diante dele se dobra todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra, e que toda língua confesse que ele é o Senhor para a glória de Deus Pai (Fp. 2. 9-11). Há muita gente querendo ocupar o lugar de Cristo! 

5)      Soli Deo Glória – (Somente a Deus dê Glória) - Soli Deo Gloria, destaca que tudo foi criado por Deus e existe para a glória de Deus (I Co. 10. 31; Ef. 1. 6, 11, 12, 14). A nossa própria existência só faz sentido se for para glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Quando damos a Glória somente a Deus, combatemos o humanismo, o egocentrismo, tiramos o homem do centro e afirmamos que o centro do universo é Deus. A salvação é pela graça, por meio da fé, para as obras (Ef. 2. 8-10), cujo propósito único é que Deus  seja glorificado por toda a eternidade. “Porque dele, por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois a Glória eternamente. Amém!”. Existimos para a Glória de Deus, mas tem muita gente buscando os “holofotes” para si mesmo, mas felizmente, ninguém pode roubar a glória que é de Deus, ele mesmo diz que não dará a sua glória a ninguém (Is. 42. 8).
Pr. Erisvaldo Souza Leite

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

REFORMA E REAVIVAMENTO: CRESCIMENTO CONTAGIANTE DA IGREJA

Reforma e Reavivamento: Crescimento Contagiante da Igreja


Em 31 de outubro iremos comemorar os 497 anos da Reforma Protestante, que foi levada a efeito por Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517, quando fixou suas famosas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittemberg, na Alemanha.
         Com efeito, as bases da Reforma Protestante ainda continuam a falar entre nós. Penso que hoje, elas bradam ainda mais fortemente do que há 497 anos atrás. Nunca esses princípios se tornaram tão importantes como nos dias em que estamos vivendo. Os pilares expostos pela reforma precisam ser reafirmados e vivenciados por pessoas ávidas e sequiosas por mudanças radicais e que ensejam estar perante a face de Deus. Os ensinamentos da Reforma podem ser resumidos em cinco pontos: 
(1) Sola Scriptura: Somente a Palavra de Deus; 
(2) Sola Gratia: Somente a Graça de Deus; 
(3) Sola Fide: Somente a fé; 
(4) Sola Christus: Somente Cristo; 
(5) Soli Deo Gloria: Somente a Deus dar glória.
         Penso que tais pilares traduzem necessariamente a idéia de um reavivamento espiritual. Um retorno bíblico e cristocêntrico da Igreja pós moderna. O avivamento está intrinsecamente ligado ao crescimento da Igreja. Sob certas condições, pode-se afirmar que o reavivamento causa o crescimento da Igreja.
         Reavivamento significa primeiramente purificação e vitalização da Igreja existente. O reavivamento é um dos principais meios de Deus para vivificar a sua Igreja e desenvolver seu programa de justiça, misericórdia e evangelização.
         Heber Carlos de Campos diz que: “Reforma é a descoberta da verdade bíblica que conduz à purificação da teologia. Ela envolve a redescoberta da Bíblia como o juiz e o guia de todo pensamento e ação; ela corrige os erros de interpretação; ela dá precisão, coerência e coragem para a confissão doutrinária; ela dá forma e energia à adoração corporativa do Deus triúno”[1].
         Na verdade vivenciamos uma época em que a verdade da Palavra de Deus encontra-se escondida, o que provoca nos crentes pós modernos aridez, sequidão e distanciamento de Deus. Uma volta à Palavra se faz necessária para ocasionar nos meios evangélicos um reavivamento, um ardente desejo por Deus e assim experimentar um vertiginoso crescimento para o Reino de Deus
         Não há meio de separar reforma de reavivamento. Parecem irmãos gêmeos nos grandes feitos do Senhor. Quando os dois entram em evidencia, o resultado é um contagiante crescimento na Igreja. Quando Deus concede o reavivamento ao seu povo, o padrão normal é que a santidade de vida aumenta, um novo poder é experimentado e o Evangelho de Cristo é proclamado com fervor, paixão e devoção. O reavivamento conduz a Igreja a uma vida santa, ética e moral. O reavivamento é uma força geradora de poder, dinamismo e fé. O reavivamento impulsiona o cristão a proclamar o evangelho com eficácia, perspicácia e objetivo.
         Porque olharmos para o crescimento da Igreja sob a ótica de reforma e reavivamento? Heber Carlos de Campos responde: “Quando falamos de crescimento de igreja temos que olhá-lo como uma moeda com dois lados. De um lado é a Reforma; do outro e o Reavivamento. A primeira traz a solidez e a pureza doutrinárias, elementos essenciais para que a igreja cresça qualitativamente; a segunda traz a verdade doutrinária extrema viva e ardente em nossos corações, impulsionando o povo de Deus a uma vida limpa e de testemunho sincero e voluntário da experiência vivida com Deus e a pujante proclamação da verdade da Escritura, elementos absolutamente vitais para o crescimento da igreja. Isto faz com que a igreja também cresça quantitativamente”.
         Reforma e reavivamento estão vinculados à Palavra de Deus. A Escritura é o padrão para a Igreja. É ela que contém o manual prático para a eficiência na busca de um vertiginoso crescimento quantitativo e qualitativo da Igreja.
         Reforma e reavivamento levam à praticidade da vida cristã autêntica. Padrões éticos e morais são evidenciados por cristãos “... irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo" (Fp 2.15). Cristãos que cumprem a determinação de Jesus que diz: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." (Mt 5.16)
         Busquemos o crescimento da Igreja, mas busquemos antes a reforma e o reavivamento. Reforma da nossa fé, reavivamento da nossa conduta. Reforma do nosso ser interior, reavivamento das nossas ações exteriores. Reforma dos nossos sentimentos, reavivamento de nosso desejo por Deus. Grande crescimento da Igreja após a reforma e o reavivamento virá onde todas as condições estiverem acertadas à luz da Palavra de Deus. O reavivamento e a reforma provocarão uma grande colheita, uma grande conquista ao ter elementos certos e valores corretos que desfrutem da aprovação do Eterno Deus.
 “Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.” (Hc 3.2)



[1] Heber Carlos de Campos. Crescimento de Igreja: Com Reforma ou com Reavivamento? Revista Fides Reformata. 1996

sexta-feira, 11 de julho de 2014

CONFISSÕES DOUTRINÁRIAS DE UM PASTOR BATISTA

CONFISSÕES DOUTRINÁRIAS DE UM PASTOR BATISTA
Chamam-me de Calvinista, por ter algumas crenças comuns a Calvino, como as “Doutrinas da Graça”, assim como poderia ser chamado de Reformado, por crer nos cinco pilares da Reforma (Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Sollus Crhistus, Soli Deo Glória), mas não faço nenhuma questão de ser chamado de “Calvinista” ou “Reformado”, mas também, não tenho nenhuma dificuldade em ser identificado com um ou com o outro ou mesmo com os dois, por termos algumas crenças em comum. Mas, sou Batista, e sempre me considerei um herdeiro da Reforma. No entanto, conforme fui aprofundando o conhecimento histórico da nossa denominação, percebi que outras pessoas e movimentos contribuíram de forma importante para chegarmos onde chegamos. Falo dos puritanos separatistas, diretamente, e dos anabatistas, indiretamente (uma questão controversa...). Não tenho dúvida que a nossa teologia é reformada (basta comparar com a católica romana ou ortodoxa). Mas não é reformada por causa de Lutero ou Calvino, é reformada por causa da Bíblia. Por exemplo, creio na predestinação, mas isso não me leva a assinar por baixo o batismo infantil ou o conceito de sacramento de Calvino. Ou seja, aplico I Tessalonicenses 5.21 “mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom” (NVI) Da mesma forma posso aproveitar algumas coisas de Agostinho sem cair no erro católico romano. Creio que os “Batistas”, não têm nenhuma pretensão de achar que são os únicos certos, ou únicos detentores da verdade, penso que talvez sejam estes, alguns dos erros cometidos por Calvino, por seus seguidores, pelos radicais “hipercalvinistas” e seja o risco que Calvinistas atuais correm, a ponto de se tornarem intolerantes com os que pensam e creem diferente. Homens de Deus na história da igreja como na modernidade defenderam os princípios da Reforma veemente como John Gill, John Bunyan (peregrino), Charles Spurgeon (que diga-se de passagem foi um grande defensor da fé reformada, é só ler "O Spurgeon que foi esquecido" de Iain Murray, Pr. assistente de Martin-Lloyd-Jones na capela de Westminster, John Dagg, John Piper, Paul Washer, Wayne Grudem, Albert Mohler, Tom Ascol, Mark Dever, Errol Hulse e tantos outros americanos e britânicos, bem como aqui no Brasil, homens como Russell Shedd, Alan Myatt, Andrew King, Gilson Santos, Franklin Ferreira, Luiz Sayão, Silas Campos, como tantos outros tem militado por uma fé bíblica entendendo os postulados da Reforma como tal e buscando aplica-los em nosso contexto brasileiro, sem contudo, perderem a essência e os princípios distintivos batistas. Contudo, a fé não é dos batistas, dos presbiterianos, dos assembleianos ou de um grupo denominacional em particular somente, mas de todos os santos e devemos defendê-la. “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3).